
Tereza  invadiu a igreja de uma forma como nunca havia feito antes. Não se  benzeu e nem ao menos olhou para a imagem de Cristo, que de sua cruz,  agonizante, parecia olhar diretamente para ela enquanto avançava pela  nave. Precisava falar com o padre Olavo nesse instante, não havia tempo a  perder. - Padre! - seu grito ecoou pelas paredes repletas de símbolos  aos quais ela sempre dera imenso valor, mas que nesse momento nada mais  eram que meras imagens que apontavam-lhe o dedo culpando-a pelo pecado  gravíssimo que cometera. - Padreee! A voz subira de tom a ponto de  atrair imediatamente o coroinha que estava a dormitar atrás do altar. -  Dona Tereza! O padre Olavo foi atender um doente que precisa de extrema  unção! A mulher sentou-se em uma cadeira da primeira fila e desatou em  copioso pranto. O menino sem saber o que fazer correu para a rua e  encontrou o padre que vinha já bem perto. - Dona Tereza está chorando  como louca lá na igreja, o caso deve ser sério! - Olavo sen! tiu um  baque no peito. - O que teria acontecido? Alguém teria descoberto? -  Tudo bem Jonas, pode ir para casa que eu cuido disso. Apressou o passo e  da porta ouviu o choro da mulher. - Tereza, o que houve? - Com um salto  ela levantou-se e com o dedo estendido para ele gritou: - Eu estou  grávida, cafajeste! Grávida de você! Como pode deixar isso acontecer?  Você me jurou que isso não seria possível, que não podia ter filhos. O  que faço agora? Meu nome será lançado na lama! E meu marido? Meus  filhos? - Calma! - ele tentava ganhar tempo enquanto em sua cabeça as  imagens passavam em turbilhão. - O que faria com essa louca? Fora ela  quem o seduzira, enfiara-se em sua cama, nua, em uma tarde que gostaria  de esquecer. Tentara-o com seu belo corpo e se entregara de forma  avassaladora. Porque dizia que o filho era seu? Ele mesmo sabia de seus  amantes, ditos em momentos de confissão muito antes da tarde fatídica.  -Vamos sentar, respire fundo! Como sabe que é meu? - Falava  pausadamente! tentando inspirar confiança - Não pode ser de seu marido  ou... de outro? - Só o que me faltava era isso - o tom subira novamente -  me engravida e ainda me chama de vagabunda. Nunca mais dormi com homem  algum depois de nosso encontro, meu marido viaja muito e nas poucas  vezes que esteve em casa, não me entreguei a ele, por amor a você! -  Depois de pensar um pouco falou: - Então não há alternativa além do  aborto, procure uma dessas velhas rezadeiras e dê um jeito nisso, o que  espera que eu faça? - Precisamos fugir, eu abandono tudo para ficar ao  seu lado! - desesperada segurava a batina do padre com força - Teremos  nosso filho longe daqui! - Tentando ganhar tempo Olavo tirou as mãos  dela de sua roupa. dirigiu-se ao altar e tamborilou com os dedos sobre a  branca toalha, virou-se com raiva: - Nunca! Vire-se! Você foi a  culpada, me levou para a perdição agora quer acabar comigo? Como posso  largar o sacerdócio e viver com uma prostituta que deita em qualquer  cama com qualquer um? - Tereza deu um grito de ódio e partiu para cima  do padre. Havia um punhal em sua mão. A lâmina afiada foi cravada no  abdômen do rapaz que caiu de joelhos. Tereza continuava com a arma na  mão manchada com o sangue do padre e foi com ela que cortou a própria  jugular, tendo morte quase instantânea. Por muitos anos o espírito de  Tereza foi torturado pelas visões dessa e de outras vidas em que sempre  causara sofrimento e mortes. Ao atingir um nível de compreensão adequado  ao caminho evolutivo, tornou-se Maria Padilha das Almas, e ainda hoje  busca ajudar a todos que a procuram tentando fazer com que novas almas  não se percam como ela se perdeu por diversas vezes. Somente quem já  teve contato com essa grande pomba-gira, sabe dos conselhos firmes dados  por ela e da tristeza que ainda deixa transparecer em suas  incorporações. Laroiê a Maria Padilha das Almas!
POMBA GIRA MARIA PADILHA DAS SETE FIGUEIRAS






Nenhum comentário:
Postar um comentário