Apenas uma menina que perdeu sua inocência...
 
 Essa menina doce e meiga, de olhar oriental, nasceu em Myanmar  (Birmânia), no sul da Ásia, no ano de 1838 - na época uma colônia  britânica. 
 
 Filha única de mãe solteira, abandonada em um orfanato, devido a falta de condições da mãe. 
 Não conheceu parentes, mas fez amigos entre as religiosas que cuidaram com muito zelo da pobre Ana Conceição.
 Ao completar 18 anos deixou o orfanato indo trabalhar como doméstica na  casa de um professor que ajudava nas despesas do orfanato e lecionava  como voluntário. 
 
 Tudo transcorreu bem durante um ano, mas o senhor ficou gravemente doente e faleceu em seguida.
 Ana viu-se sozinha e sem ter para onde ir. 
 
 Em sua tribo as mulheres não alongavam os pescoços com colares (como na  Tribo das Mulheres Girafas), apenas tatuavam a pele quando eram  prometidas em casamento para mostrar o compromisso e usavam uma pesada  tornozeleira. No seu país todos os nativos eram budistas. 
 
  Pensando que a vida dela seria melhor em outro país, onde ela teria  maiores oportunidades. Mas, ela conseguiu emprego como garçonete em um  bar de péssima frequência, onde era comprada para servi-los de todas as  formas. Então desde cedo, juntou-se a outras meninas que se tornaram  escravas sexuais de seus tutores. Além de cozinhar, lavar e servir, elas  deviam manter-se asseadas e bonitas, pois quando eram procuradas deviam  estar dispostas a servi-los bem. Foi assim, que com apenas 18 anos de  idade, já conhecia o mundo dos adultos. Para fugir dessa realidade  aprendeu a consumir bebidas e a usar a pinang - uma espécie de planta  misturada ao tabaco - que servia como estimulante. Aos 19 anos toda a  sua noção de vida real havia se perdido e ela vivia entre a bebida, a  droga e o sexo. 
 
 As meninas sofriam constantes agressões  físicas por parte da mãe e do padastro que eram donos do bar e Ana  começou a intervir com mais frequência.
 Um dia escuta o amante da dona do bar dizer que odiava aquelas crianças e gostaria de matá-las.
 
 Decidiu naquele instante fugir com as meninas e entregá-las aos  cuidados das religiosas que a haviam criado. Como as crianças eram muito  pequenas com 2 e 3 anos, foi fácil levá-las em plena madrugada, pois  eram muito agarradas a Ana.
 
 Deixou as crianças e voltou para não levantar suspeitas, por uns dias. 
 Era a primeira que acordava e preparava o café das meninas.
 
 Foi ao quarto da mãe e simulou surpresa ao não ver as meninas.
 
 A mãe tonta da bebedeira da noite, disse que elas deviam estar brincando de se esconderem.
 Após uma busca pela casa, o bar e o quintal, constata-se o desaparecimento das crianças.
 O amante da mulher chega e como já não gostava das intromissões de Ana,  sugere que ela deveria ter vendido ou sequestrado as meninas. A mulher  deixa-se contaminar pelo veneno do sujeito e interroga Ana com  agressividade.
 
 Ela tenta fugir, mas os dois a seguram e começam  a espancá-la, exigindo que ela lhes revelasse o paradeiro das meninas,  ameaçando matá-la.
 Ana consegue escapar e fugir de seus agressores, saí correndo porta a fora e corre para o orfanato.
 
 Um mês depois do ocorrido, Ana está voltando para o orfanato, quando dá  de encontro com o padastro das crianças, ele fica furioso e a segura  pelo braço obrigando-a a entrar em uma casa abandonada do outro lado da  rua.
 Inicia sua conversa com um tapa no rosto de Ana e diz que é só o  começo. Mas Ana continua dizendo que não sabe o paradeiro das meninas.
 
 Ele então diz que deseja ver a casa onde ela está morando a averiguar se não encontra nenhuma "surpresa".
 Como Ana recusa a levá-lo, ele a espanca cada vez mais e seguidamente.  Ana desmaia e é acordada com chutes e pontapés por todo o corpo, até que  não resiste e morre.
 
 Acordou no Plano Espiritual, em meio a  espíritos sofridos, sem saber o que lhe havia acontecido. Uma avó que  lhe amava muito lhe socorreu e levou-a a um hospital espiritual. Quando  recuperou sua memória e sua decência, quis entender sua trajetória de  vida. Pediu para trabalhar com meninas, que assim como ela, perderam  toda a inocência antes da puberdade. A partir de então ela passou a  visitar diversos lugares no mundo inteiro, onde haviam meninas que  passavam pela mesma situação que a sua. Veio parar no Nordeste  brasileiro e conheceu as meninas que também se tornavam escravas sexuais  desde cedo. Pediu para ficar nesta terra e fazer parte de um novo  trabalho. Conheceu a Seara do Caboclo Sete Encruzilhadas e percebeu que  poderia ajudar sem ser julgada ou condenada. Poderia ser ela mesma e  simplesmente trabalhar... Assim como ela existem outras meninas com suas  histórias de dor e sofrimento e que também trabalham como Pomba giras  Meninas na Umbanda Sagrada.
 
 Esta é a história de Ana Conceição,  a Pomba Gira Menina, que trabalha na Umbanda ajudando mães e crianças  vítimas de todos os tipos de agressões.
 
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